domingo, 9 de novembro de 2008

Carta ao meu amigo, primo e irmão de infância


Quando me pediram para que eu revisitasse meu primo, juro que sofri um calafrio tão diferente do que normalmente sinto. Senti medo, talvez o sentimento mais comum da existência humana. Sofri de medo porque recebia com o receio a demanda de me reaproximar de uma pessoa que, não só por estar no mesmo lado da família que estou, me acompanhou a infância, depois parte da adolescência e agora algum estágio da vida um pouco mais maduro. Mas, não foi eu ou ele quem pediu a reaproximação desta vez e, quando costumam fazer isso, soa responsabilidade: e eu sou péssimo em responsabilidades tomadas! Nem ele sabia disso do que estou falando, talvez quem leia não entenda ou nunca vai saber o que é dito.

A verdade é que, ao revê-lo, senti novo medo de não saber acompanhar-lhe o ritmo pelo tempo que se dissipou. Pouco a pouco tais coisas foram se apagando, e, pelas minhas sensações tomadas a esmo, fomos voltando a ser um o braço esquerdo do outro: não o mais forte, mas o mais seguro de se estabelecer. Tenho em ti, hoje, meu primo e meu irmão, a certeza de duas almas que não se julgam por nada neste mundo, é justo por isso podemos ser transparentes um para o outro, mas que, pela maturidade que atingimos nos julgando frágeis, temos alcançado a força nunca antes imaginada. Estaremos sempre, como sangue e vaso, um dentro do outro.

depoimento a meu primo, amigo e irmão para sempre
9 de novembro de 2008