domingo, 12 de abril de 2009

Transatlãntico Recife

Mickey,

escrevi isso hoje pela manhã. atrasado como sempre nos e-mails. talvez nem seja um e-mail, talvez seja uma pergunta. não tem novidade minha, não tem conclusão. é isso e está pronto para zarpar num barquinho de papel.


***

"No ano em que saímos, digo no plural porque pouco tempo depois você também iria se mudar de Recife para os Estados Unidos, tocava diariamente All my life na MTv. O hit saía pela banda americana de David Grohl, Foo Fighters. Você tinha a cara dessa música, te ver, mesmo com aqueles espaços enormes de entretempo, tinha um ritmo diferente. Era gostoso te ter, te ser, te ver. Soava exatamente daquela maneira, daquela música. A vida parecia disposta a mudar, mudar a qualquer instante, para qualquer direção. O que mudou?

"Durante algum tempo, ainda quando morava no primeiro apartamento que estive no retorno à Fortaleza, decepcionado com o namoro que se tornava dependência, eu pensava assim: queria poder te ver, ah! se fosse possível trazer para morar comigo, te fazer feliz. Eu estaria bem dormindo bem ao teu lado e te vendo sorrir. Que sorriso belíssimo você tem!

"Eu não sei contar os anos, confesso até que a vergonha deles me atingindo me deixam totalmente envergonhado, sei que hoje dou a definição de amor àquilo tudo. Mas quanto tempo faz desde a última conversa cara-a-cara? Talvez sempre tenha dado o nome de amor isso que sinto, a razão para isto é que amo, e como amo!, as pessoas mais queridas de toda a minha vida. Quero-as bens mais do que a mim mesmo. Estou errado ou só nisso? Só assim aprendi a viver.

"Tenho um coração aí e outro aqui. O meu se aperta aqui toda vez que pergunto como você está. Basta um muxoxo teu e me desanuvia tudo: esqueço dos meus problemas, me sinto preocupado e impotente. Nessas horas, que vontade de te pôr no colo, redefinir o passado como fazem os caminhos de areia por cima das dunas, estancar. Estar ao teu lado, permitir que você possa ser sensível sem tantas preocupações de julgamentos que atacam, te acariciar.

"Mas, nós agüentaríamos por quanto tempo um romance imaturo e extremamente intenso?! Me perguntei tantas vezes isso! E, sabe, a única resposta é que sinto algo interrompido. Ah!, que diferença faz e que pecado há em pensarmos que sempre seríamos felizes um com o outro... Afinal, sonhar não são ilusões. (Nem quero criá-las, veja bem). No “país do carnaval” serria assim: apenas a imagem do mestre sala reencontrando sua preferida porta-bandeira.

"Beijos, beijos, beijos!