sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Carta sobre o bureau


"Quando eu era pequeno, bem menor do que sou hoje, pensava que era impossível encontrar inteligência onde havia beleza. A convivência contigo, prova o contrário. É possível, sim, encontrar inteligência onde há beleza – e das mais belas, pois carrega o dom de Ser Sensível. – Há mais beleza na inteligência quando esta não é frívola, e a tua me parece eterna, assim, dentro do olhar.

Dos pequenos atos que guardo na memória quando lembro de ti, porque mais retiro do que me forneces, ficam três imagens repetidas. Na primeira, estamos no primeiro semestre do curso e ficamos surpresos ao saber que a palavra “opinião” possui um “i” entre o “p” e o “n”, Na segunda, você sai do silêncio e emite um comentário sobre o meu cabelo. Agora, tu, ficas a rodar o celular rosa ao lado do livro de entrevistas da Clarice, emborcado.

Quero dizer que não estou “dando em cima”, hoje tudo que está escrito é levado com tanta seriedade... Estou retribuindo a gentileza carinhosa do teu olhar, aquele que me lembra as mulheres do “Poetinha”, das que sofrem. Onde quer que estejas, quero, desde já, deixar em tua memória este elogio da Beleza Sensível, algo para guardares somente para ti! Algo que faltava, neste mundo tão frívolo, e você revelou.

Fica esta carta abanando o nada em cima do bureau. Junto, compartilho uma poesia do Pessoa. A mesma nos ensina que há mais sentido nas coisas simples da vida do que em nossos problemas complicados.



Carta sobre o bureau, à Caroline B.
em 26 de agosto de 2009

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