quinta-feira, 22 de maio de 2008

A minha tua carta


A pulseira que me deste guardo-a no pulso de superações. Não para te transformar naquilo que se faz com ídolos e totens, mas para olhá-la fixamente e saber que os problemas já ultrapassei. É honesto ser sensível, sentir-se vencido e ultrapassar, desonesto é fingir que não é consigo.

Tiro-a muitas vezes como sinto que não necessito da tua presença, e isto é tranqüilo. Ando pela casa todas vezes só e acompanhado pelos meus milhares de outros eus. Um gole d´água feito o encontro e o afeto do beio, "podemos estar juntos e sós à distância".

Abro a porta e desço o rio mesmo conhecendo o urbilhão que me aguarda, eu estou tranqüilo, por que não haveria de estar? A vida é encontro e fico triste em pensar que para a maioria das pessoas se encontrar não significa ser transparente.

Quando ando na rua sou um homem comum, sem nenhum floreio. Olho-me nos espelhos com um sorriso safado que chega até a altura das calças e digo-me: que bonito! Cumprimento os meus pares e, sempre que posso, aquele nosso amigo que me ama tanto, e eu a ele!
A pulseira que me deste está comigo e ela é meu talismã de felicidade e jovialidade. Aperto-a e movo-a no pulso como a paixão que sinto de esfregar meu pé em tuas coxas. Oh minha pequena de talcos! dentro de mim tu e tua pulseira sempre se acomodam bem.

Carta à "Glorinha", em 10 de maio de 2008.
(Entregue em 21 de maio de 2008).