quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Carta a uma (sempre) desaparecida


No dia em que conheci a Vanessa, e não naqueles dias em que se julga tão de-pronto-entendido, uma enorme bexiga explodiu em meio à imensidão das coisas. Não haveria outro modo de ser, o medo, a eterna insegurança de ser dragado em direção à alguma coisa disforme, sugado e sufocado por algo muito maior do que d(eu)s.

Um encantamento me tomou pela mão, me chamou. Sofregamente, pesadamente ou levemente como um sobressalto feliz. Sei que tranqüilamente me aconhegou, e eu quis mais. Como a esperança de uma vida porvir. Assim me fez feliz e desnorteado, como num tormento. Como a vida e a morte assim que estamos diante deles.

A banda alegre que segue, sem pretensões, sob teus dedos, como se tocasse flautas de bambus num violão. Poderia ser meu funeral, poderia ser feliz. As extremidades das mãos tão coloridas, este delírio, como se saltasse cordas possuindo as notas escritas sobre os dedos. Tua voz rouca. Eu não soube o que fazer ou ond´estava. Estava ali, para te fazer companhia num vale encantado de pesadelos ou sonhos. Apenas para isto.

depoimento à Vanessa Castro
em 09 de dezembro de 2008

Detalhe do quadro "A Noite Estrelada", de Vincent Van Gogh.

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